A equação de Van Deemter na prática: Como interpretar e aplicar?

A equação de Van Deemter na prática: Como interpretar e aplicar?

A equação de Van Deemter fornece uma base sólida para compreender a eficiência da separação em HPLC e permite um desenvolvimento de métodos mais inteligente e fundamentado.

A equação de Van Deemter fornece uma base sólida para compreender a eficiência da separação em HPLC e permite um desenvolvimento de métodos mais inteligente e fundamentado.

Por Edwin Bueno

Por Edwin Bueno

22 de junho de 2025

22 de junho de 2025

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Na cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC), a eficiência de separação é um dos pilares para garantir bons resultados analíticos como resolução, seletividade, sensibilidade e tempo de análise. Para compreender e otimizar essa eficiência, a equação de Van Deemter é uma das ferramentas teóricas mais importantes. Embora sua formulação possa parecer abstrata à primeira vista, sua aplicação prática é extremamente valiosa no desenvolvimento e na otimização de métodos cromatográficos.

Este artigo explora a equação de Van Deemter desde seus fundamentos até sua aplicação direta na prática de laboratório, com foco especial na tomada de decisões quanto a fase móvel, escolha da coluna e velocidade de fluxo.

1. O que é a equação de Van Deemter?

A equação de Van Deemter descreve a altura equivalente a um prato teórico (H) como uma função da velocidade linear da fase móvel (u). Ela nos ajuda a entender por que há uma velocidade ótima de fluxo na qual a eficiência da coluna é maximizada.

Onde:

  • H: Altura equivalente a um prato teórico

  • u: Velocidade linear da fase móvel

  • A: Termo eddy diffusion (difusão múltipla de caminhos)

  • B: Termo de difusão longitudinal

  • C: Termo de resistência à transferência de massa


2. Interpretando os termos da equação

Cada componente da equação representa um fenômeno físico que contribui para o alargamento dos picos cromatográficos:

  • A (eddy diffusion): Relaciona-se com os múltiplos caminhos que uma molécula pode percorrer dentro da coluna, influenciado pelo empacotamento das partículas da fase estacionária. Quanto menor e mais uniformes forem as partículas, menor será esse termo.

  • B/u (difusão longitudinal): Reflete a tendência de os solutos se dispersarem na direção do fluxo por difusão. Esse efeito é mais pronunciado em baixas velocidades, pois os analitos permanecem mais tempo na coluna.

  • C·u (resistência à transferência de massa): Refere-se ao tempo necessário para o equilíbrio entre a fase móvel e estacionária. Em altas velocidades, o soluto não tem tempo suficiente para esse equilíbrio, o que gera perda de eficiência.

3. A curva de Van Deemter e a velocidade ótima

Ao plotarmos a equação de Van Deemter, obtemos uma curva característica em forma de U. O ponto mais baixo dessa curva corresponde à velocidade ótima da fase móvel, na qual a eficiência (menor valor de H) é máxima. Trabalhar nessa faixa evita tanto a perda de resolução por difusão quanto por resistência à transferência de massa. Colunas com partículas menores deslocam essa curva, permitindo operar em velocidades maiores sem perda significativa de eficiência um dos fundamentos do UHPLC.

4. Aplicações práticas da equação de Van Deemter

A interpretação correta da equação permite:

  • Ajustar a velocidade de fluxo de forma racional e não empírica.

  • Escolher colunas mais eficientes com base nos diâmetros de partícula e empacotamento.

  • Prever limitações de eficiência em métodos rápidos ou em análises de compostos de grande massa molar.

  • Avaliar o impacto da temperatura na difusão (reduzindo o termo B).

  • Melhorar a robustez de métodos analíticos e a reprodutibilidade entre sistemas cromatográficos.


Conclusão

A equação de Van Deemter fornece uma base sólida para compreender a eficiência da separação em HPLC e permite um desenvolvimento de métodos mais inteligente e fundamentado. Ao conhecer os fatores que governam a largura dos picos e a eficiência da coluna, o analista pode controlar melhor os parâmetros de separação, otimizando tempo, sensibilidade e resolução sem comprometer a robustez do sistema. Mesmo sendo uma equação com décadas de existência, sua aplicabilidade continua atual e essencial na prática cromatográfica moderna.


Referências Bibliográficas

  • Snyder, L. R., Kirkland, J. J., & Dolan, J. W. (2011). Introduction to Modern Liquid Chromatography. Wiley.

  • Neue, U. D. (1997). HPLC Columns: Theory, Technology, and Practice. Wiley-VCH.

  • Dong, M. W. (2006). Modern HPLC for Practicing Scientists. Wiley.

  • Guiochon, G., Felinger, A., Shirazi, D. G., & Katti, A. M. (2006). Fundamentals of Preparative and Nonlinear Chromatography. Academic Press.

  • Poole, C. F. (2012). The Essence of Chromatography. Elsevier.


Edwin Bueno

Edwin Bueno é engenheiro químico com mais de 13 anos de experiência em laboratórios analíticos e ênfase em técnicas cromatograficas, atuando em centenas de projetos de alta complexidade voltados ao controle de qualidade, desenvolvimento de métodos e conformidade regulatória. É fundador e diretor técnico do laboratório analítico Atual Labs, reconhecido por sua atuação ágil nos setores de nutrição e saúde animal.

Além de sua atuação técnica, Edwin é consultor de laboratórios e indústrias, contribuindo na resolução de problemas analíticos, otimização de processos, estruturação de equipes técnicas, expansão laboratorial e gestão, implementação de boas práticas que asseguram qualidade, agilidade e robustez nos resultados.

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