Análise de Micotoxinas em Rações: Prevenção de Perdas Milionárias na Produção Animal

Análise de Micotoxinas em Rações: Prevenção de Perdas Milionárias na Produção Animal

Tipos de micotoxinas mais comuns, impactos na saúde animal e produtividade, métodos de detecção, limites regulatórios MAPA/ANVISA, e cases reais do agronegócio

Tipos de micotoxinas mais comuns, impactos na saúde animal e produtividade, métodos de detecção, limites regulatórios MAPA/ANVISA, e cases reais do agronegócio

Por Edwin Bueno

Por Edwin Bueno

28 de julho de 2025

28 de julho de 2025

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A produção animal enfrenta diversos desafios, mas poucos são tão silenciosos e devastadores quanto as micotoxinas. Produzidas por fungos que contaminam grãos e insumos, essas toxinas são invisíveis a olho nu, resistentes a processos térmicos e, quando não detectadas, comprometem a saúde dos animais, derrubam a produtividade e geram prejuízos milionários.

Neste artigo, vamos abordar os principais tipos de micotoxinas, seus efeitos na cadeia produtiva, os métodos mais eficazes de análise, os limites legais segundo o MAPA e a ANVISA, e cases reais que mostram o impacto direto (ou a prevenção) dessas substâncias no desempenho zootécnico e financeiro das propriedades.

O que são Micotoxinas?

Micotoxinas são metabólitos tóxicos produzidos por fungos filamentosos (como Aspergillus, Fusarium e Penicillium) que crescem em matérias-primas como milho, trigo, soja, sorgo e subprodutos.

O problema começa no campo — por exemplo, com colheita tardia, umidade ou armazenamento inadequado — e pode se intensificar na fábrica de ração. Mesmo em concentrações baixas, as micotoxinas comprometem a performance animal e aumentam a vulnerabilidade a doenças.

Principais Micotoxinas em Rações

MicotoxinaFungos ProdutoresImpactos na Produção AnimalAflatoxinasAspergillus flavus, A. parasiticusImunossupressão, queda de desempenho, hepatotoxicidadeZearalenona (ZEA)Fusarium spp.Problemas reprodutivos, feminilização em suínosFumonisinas (FB1, FB2)Fusarium verticillioidesNecrose pulmonar em suínos, leucoencefalomalácia em equinosTricotecenos (DON, T-2, HT-2)Fusarium graminearum, F. sporotrichioidesRejeição alimentar, vômitos, lesões gastrointestinaisOcratoxina A (OTA)Aspergillus ochraceus, Penicillium spp.Nefrotoxicidade, imunossupressão

Impactos na Saúde Animal e na Rentabilidade

Mesmo em níveis subclínicos (abaixo do limite que causa sintomas evidentes), as micotoxinas afetam o metabolismo e aumentam a suscetibilidade a infecções, além de impactarem diretamente:

  • Conversão alimentar

  • Ganho de peso

  • Fertilidade e taxa de nascimento

  • Mortalidade em fases críticas (ex: leitões e pintainhos)

Isso sem contar o efeito sinérgico, quando diferentes micotoxinas estão presentes ao mesmo tempo, potencializando os danos.

Métodos de Detecção de Micotoxinas

A análise laboratorial é essencial para detectar e quantificar micotoxinas com segurança. Os métodos mais utilizados incluem:

  • Cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC)
    Alta precisão e ideal para análises oficiais e comparativas.

  • Cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas (LC-MS/MS)
    Método mais moderno e sensível, com identificação simultânea de múltiplas micotoxinas.

  • Testes rápidos (ELISA, kits imunocromatográficos)
    Boa alternativa para triagem em campo ou fábrica, mas com limitações de sensibilidade.

Importante: A amostragem representa até 80% da confiabilidade da análise. Amostras mal coletadas podem ocultar a presença real de micotoxinas.

Limites Regulatórios (MAPA e ANVISA)

O Ministério da Agricultura (MAPA) e a ANVISA estabelecem limites máximos tolerados de micotoxinas em rações e alimentos. Os valores variam conforme o tipo de micotoxina e o público-alvo (animais ou humanos). Exemplos:

  • Aflatoxinas: máximo de 20 ppb (partes por bilhão) em alimentos para consumo humano.

  • Zearalenona: até 200 ppb em ração para suínos.

  • Fumonisinas: até 5000 ppb para milho destinado à alimentação animal.

Esses limites são constantemente revisados com base em estudos toxicológicos e devem ser observados em toda a cadeia produtiva.

Cases Reais do Agronegócio

Case 1 – Suinocultura: perdas reprodutivas inexplicadas
Um grande produtor enfrentava quedas na taxa de nascimento e aumento de retorno ao cio. A análise detectou zearalenona acima do limite em farelo de milho. Após correção da matéria-prima e uso de adsorvente, a taxa de partos se normalizou em 3 ciclos.

Case 2 – Avicultura de corte: conversão abaixo da média
Em um lote de 100 mil aves, o peso final médio ficou 9% abaixo da meta. Análises revelaram presença de DON (vomitoxina). O prejuízo estimado foi de R$ 78 mil. A análise prévia da ração teria evitado o lote comprometido.

Case 3 – Pet food: recall por aflatoxina
Uma empresa nacional de pet food teve que recolher 20 toneladas de produto por contaminação com aflatoxinas, gerando impacto de imagem e financeiro. Após o incidente, passou a exigir laudos de micotoxinas com HPLC em cada lote de matéria-prima.

Conclusão

Micotoxinas são inimigos invisíveis, mas totalmente detectáveis e controláveis com boas práticas e análises confiáveis. Investir na detecção preventiva é uma decisão estratégica que protege a saúde animal, otimiza a produtividade e evita perdas milionárias.

Laboratórios especializados com tecnologia avançada e equipe técnica qualificada são parceiros fundamentais nessa jornada. Afinal, a prevenção custa centavos por tonelada — o prejuízo, centenas de reais.

Edwin Bueno

Edwin Bueno é engenheiro químico com mais de 13 anos de experiência em laboratórios analíticos e ênfase em técnicas cromatograficas, atuando em centenas de projetos de alta complexidade voltados ao controle de qualidade, desenvolvimento de métodos e conformidade regulatória. É fundador e diretor técnico do laboratório analítico Atual Labs, reconhecido por sua atuação ágil nos setores de nutrição e saúde animal.

Além de sua atuação técnica, Edwin é consultor de laboratórios e indústrias, contribuindo na resolução de problemas analíticos, otimização de processos, estruturação de equipes técnicas, expansão laboratorial e gestão, implementação de boas práticas que asseguram qualidade, agilidade e robustez nos resultados.

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