Como Reduzir o Tempo de Análise sem Comprometer a Qualidade dos Dados

Como Reduzir o Tempo de Análise sem Comprometer a Qualidade dos Dados

A redução do tempo de análise em HPLC pode ser alcançada por meio de diversas estratégias, incluindo ajustes na fase móvel, otimização da coluna cromatográfica.

A redução do tempo de análise em HPLC pode ser alcançada por meio de diversas estratégias, incluindo ajustes na fase móvel, otimização da coluna cromatográfica.

Por Edwin Bueno

Por Edwin Bueno

29 de março de 2025

29 de março de 2025

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A Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC) é amplamente utilizada para separação e quantificação de compostos em diversas áreas, incluindo a indústria farmacêutica, química, de alimentos e ambiental. No entanto, um dos principais desafios enfrentados por laboratórios é a necessidade de reduzir o tempo de análise sem comprometer a qualidade dos dados analíticos.

A redução do tempo de análise pode impactar diretamente nos custos e na produtividade do laboratório, o consumo de solventes e a eficiência geral do processo. No entanto, essa otimização deve ser feita com cautela, garantindo que a resolução, a reprodutibilidade e a sensibilidade dos métodos analíticos sejam preservadas.

Este artigo apresenta estratégias práticas para reduzir o tempo de análise em HPLC, abordando aspectos da fase móvel, da coluna cromatográfica, das condições de fluxo e da instrumentação analítica.

Redução do Tempo de Análise sem Perda de Resolução

A equação da resolução cromatográfica pode ser expressa da seguinte forma:

Onde:

  • Rₛ: É a resolução.

  • N: É o número de pratos teóricos da coluna.

  • α: É a seletividade (razão entre os fatores de retenção de dois compostos).

  • k: É o fator de retenção.


Com base nessa equação, algumas estratégias podem ser aplicadas para reduzir o tempo de análise sem comprometer a separação.

Otimização da Coluna Cromatográfica

A escolha adequada da coluna tem um impacto direto no tempo de análise. Algumas estratégias para otimizar a separação incluem:

Uso de Colunas com Partículas Menores

A redução do diâmetro das partículas da fase estacionária aumenta a eficiência da separação e permite tempos de análise mais curtos. O uso de colunas com partículas menores, como 3 µm ou 1,7 µm, melhora a eficiência cromatográfica sem comprometer a resolução.

Redução do Comprimento da Coluna

Colunas mais curtas reduzem o tempo de retenção dos compostos e diminuem o tempo total de análise. No entanto, a redução do comprimento da coluna pode afetar a resolução, o que pode ser compensado pelo uso de partículas menores.

Aumento da Temperatura da Coluna

O aumento da temperatura reduz a viscosidade da fase móvel, melhorando a eficiência da separação e reduzindo a contrapressão do sistema. Pequenos ajustes na temperatura da coluna podem otimizar a retenção e melhorar a separação sem comprometer a estabilidade dos compostos analisados.

Ajustes na Fase Móvel

A composição da fase móvel pode ser ajustada para melhorar a eficiência da separação e reduzir o tempo de análise. Algumas abordagens incluem:

Uso de Solventes com Maior Força Eluente

O uso de solventes mais fortes na fase móvel pode acelerar a eluição dos compostos sem comprometer a seletividade. Por exemplo, o aumento da proporção de acetonitrila ou metanol na fase móvel pode reduzir significativamente os tempos de retenção.

Aplicação de Gradientes de Eluição

A eluição por gradiente permite reduzir o tempo de análise sem comprometer a separação dos compostos. O uso de um gradiente bem ajustado pode melhorar a resolução das substâncias eluídas e reduzir significativamente o tempo total do método.

Controle do pH da Fase Móvel

O ajuste do pH pode otimizar a retenção dos compostos ionizáveis e melhorar a eficiência da separação. Pequenas alterações no pH podem acelerar a eluição sem comprometer a seletividade.

Aumento da Vazão do Sistema

O aumento do fluxo da fase móvel pode reduzir significativamente o tempo de análise, mas deve ser realizado com cautela para evitar perda de eficiência.

Otimização do Fluxo dentro da Faixa Recomendada

O fluxo deve ser ajustado de acordo com o tamanho das partículas da fase estacionária. Para colunas convencionais de 5 µm, fluxos entre 1,0 e 1,5 mL/min são recomendados. Para partículas menores, fluxos mais elevados podem ser utilizados sem perda de eficiência.

Uso de UHPLC (Ultra-High-Performance Liquid Chromatography)

A migração para UHPLC permite o uso de colunas com partículas 2µm e vazões mais elevadas, reduzindo drasticamente o tempo de análise sem comprometer a resolução.

Redução do Volume de Amostra Injetado

A injeção de volumes excessivos pode causar alargamento dos picos e comprometer a resolução. A otimização do volume de injeção garante uma separação eficiente e melhora a reprodutibilidade dos resultados.

Boas Práticas do Sistema HPLC

A manutenção do sistema cromatográfico é essencial para evitar problemas que possam aumentar o tempo de análise. Algumas práticas recomendadas incluem:

Troca regular da fase móvel para evitar contaminação e precipitação de sais.

Limpeza do sistema de injeção para evitar obstruções na linha de fluxo.

Substituição periódica da coluna cromatográfica para garantir a eficiência da separação.

Uso de solventes filtrados e degaseificados para evitar a formação de bolhas e problemas de reprodutibilidade.


Conclusão

A redução do tempo de análise em HPLC pode ser alcançada por meio de diversas estratégias, incluindo ajustes na fase móvel, otimização da coluna cromatográfica, aumento do fluxo e implementação de gradientes de eluição. No entanto, essas modificações devem ser feitas de maneira criteriosa para garantir que a qualidade dos dados analíticos não seja comprometida.

A implementação dessas estratégias pode resultar em maior produtividade do laboratório, redução no consumo de solventes e maior eficiência dos métodos analíticos, sem comprometer a resolução e a reprodutibilidade das análises.


Referências Bibliográficas

  • Snyder, L. R., Kirkland, J. J., & Dolan, J. W. (2011). Introduction to Modern Liquid Chromatography (3rd ed.). John Wiley & Sons.

  • Swartz, M. E. (2005). Ultra-Performance Liquid Chromatography (UHPLC): An Overview. Journal of Liquid Chromatography & Related Technologies, 28(7-8), 1253-1263.

  • Huber, L. (2018). Validation and Qualification in Analytical Laboratories. CRC Press.

  • United States Pharmacopeia (USP) (2021). USP General Chapter <621> Chromatography.

  • European Medicines Agency (EMA) (2014). Guideline on Bioanalytical Method Validation.


Edwin Bueno

Edwin Bueno é engenheiro químico com mais de 13 anos de experiência em laboratórios analíticos e ênfase em técnicas cromatograficas, atuando em centenas de projetos de alta complexidade voltados ao controle de qualidade, desenvolvimento de métodos e conformidade regulatória. É fundador e diretor técnico do laboratório analítico Atual Labs, reconhecido por sua atuação ágil nos setores de nutrição e saúde animal.

Além de sua atuação técnica, Edwin é consultor de laboratórios e indústrias, contribuindo na resolução de problemas analíticos, otimização de processos, estruturação de equipes técnicas, expansão laboratorial e gestão, implementação de boas práticas que asseguram qualidade, agilidade e robustez nos resultados.

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