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A Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC) é amplamente utilizada para separação e quantificação de compostos em diversas áreas, incluindo a indústria farmacêutica, química, de alimentos e ambiental. No entanto, um dos principais desafios enfrentados por laboratórios é a necessidade de reduzir o tempo de análise sem comprometer a qualidade dos dados analíticos.
A redução do tempo de análise pode impactar diretamente nos custos e na produtividade do laboratório, o consumo de solventes e a eficiência geral do processo. No entanto, essa otimização deve ser feita com cautela, garantindo que a resolução, a reprodutibilidade e a sensibilidade dos métodos analíticos sejam preservadas.
Este artigo apresenta estratégias práticas para reduzir o tempo de análise em HPLC, abordando aspectos da fase móvel, da coluna cromatográfica, das condições de fluxo e da instrumentação analítica.
Redução do Tempo de Análise sem Perda de Resolução
A equação da resolução cromatográfica pode ser expressa da seguinte forma:
Onde:
Rₛ: É a resolução.
N: É o número de pratos teóricos da coluna.
α: É a seletividade (razão entre os fatores de retenção de dois compostos).
k: É o fator de retenção.
Com base nessa equação, algumas estratégias podem ser aplicadas para reduzir o tempo de análise sem comprometer a separação.
Otimização da Coluna Cromatográfica
A escolha adequada da coluna tem um impacto direto no tempo de análise. Algumas estratégias para otimizar a separação incluem:
Uso de Colunas com Partículas Menores
A redução do diâmetro das partículas da fase estacionária aumenta a eficiência da separação e permite tempos de análise mais curtos. O uso de colunas com partículas menores, como 3 µm ou 1,7 µm, melhora a eficiência cromatográfica sem comprometer a resolução.
Redução do Comprimento da Coluna
Colunas mais curtas reduzem o tempo de retenção dos compostos e diminuem o tempo total de análise. No entanto, a redução do comprimento da coluna pode afetar a resolução, o que pode ser compensado pelo uso de partículas menores.
Aumento da Temperatura da Coluna
O aumento da temperatura reduz a viscosidade da fase móvel, melhorando a eficiência da separação e reduzindo a contrapressão do sistema. Pequenos ajustes na temperatura da coluna podem otimizar a retenção e melhorar a separação sem comprometer a estabilidade dos compostos analisados.
Ajustes na Fase Móvel
A composição da fase móvel pode ser ajustada para melhorar a eficiência da separação e reduzir o tempo de análise. Algumas abordagens incluem:
Uso de Solventes com Maior Força Eluente
O uso de solventes mais fortes na fase móvel pode acelerar a eluição dos compostos sem comprometer a seletividade. Por exemplo, o aumento da proporção de acetonitrila ou metanol na fase móvel pode reduzir significativamente os tempos de retenção.
Aplicação de Gradientes de Eluição
A eluição por gradiente permite reduzir o tempo de análise sem comprometer a separação dos compostos. O uso de um gradiente bem ajustado pode melhorar a resolução das substâncias eluídas e reduzir significativamente o tempo total do método.
Controle do pH da Fase Móvel
O ajuste do pH pode otimizar a retenção dos compostos ionizáveis e melhorar a eficiência da separação. Pequenas alterações no pH podem acelerar a eluição sem comprometer a seletividade.
Aumento da Vazão do Sistema
O aumento do fluxo da fase móvel pode reduzir significativamente o tempo de análise, mas deve ser realizado com cautela para evitar perda de eficiência.
Otimização do Fluxo dentro da Faixa Recomendada
O fluxo deve ser ajustado de acordo com o tamanho das partículas da fase estacionária. Para colunas convencionais de 5 µm, fluxos entre 1,0 e 1,5 mL/min são recomendados. Para partículas menores, fluxos mais elevados podem ser utilizados sem perda de eficiência.
Uso de UHPLC (Ultra-High-Performance Liquid Chromatography)
A migração para UHPLC permite o uso de colunas com partículas 2µm e vazões mais elevadas, reduzindo drasticamente o tempo de análise sem comprometer a resolução.
Redução do Volume de Amostra Injetado
A injeção de volumes excessivos pode causar alargamento dos picos e comprometer a resolução. A otimização do volume de injeção garante uma separação eficiente e melhora a reprodutibilidade dos resultados.
Boas Práticas do Sistema HPLC
A manutenção do sistema cromatográfico é essencial para evitar problemas que possam aumentar o tempo de análise. Algumas práticas recomendadas incluem:
• Troca regular da fase móvel para evitar contaminação e precipitação de sais.
• Limpeza do sistema de injeção para evitar obstruções na linha de fluxo.
• Substituição periódica da coluna cromatográfica para garantir a eficiência da separação.
• Uso de solventes filtrados e degaseificados para evitar a formação de bolhas e problemas de reprodutibilidade.
Conclusão
A redução do tempo de análise em HPLC pode ser alcançada por meio de diversas estratégias, incluindo ajustes na fase móvel, otimização da coluna cromatográfica, aumento do fluxo e implementação de gradientes de eluição. No entanto, essas modificações devem ser feitas de maneira criteriosa para garantir que a qualidade dos dados analíticos não seja comprometida.
A implementação dessas estratégias pode resultar em maior produtividade do laboratório, redução no consumo de solventes e maior eficiência dos métodos analíticos, sem comprometer a resolução e a reprodutibilidade das análises.
Referências Bibliográficas
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Swartz, M. E. (2005). Ultra-Performance Liquid Chromatography (UHPLC): An Overview. Journal of Liquid Chromatography & Related Technologies, 28(7-8), 1253-1263.
Huber, L. (2018). Validation and Qualification in Analytical Laboratories. CRC Press.
United States Pharmacopeia (USP) (2021). USP General Chapter <621> Chromatography.
European Medicines Agency (EMA) (2014). Guideline on Bioanalytical Method Validation.
Edwin Bueno é engenheiro químico com mais de 13 anos de experiência em laboratórios analíticos e ênfase em técnicas cromatograficas, atuando em centenas de projetos de alta complexidade voltados ao controle de qualidade, desenvolvimento de métodos e conformidade regulatória. É fundador e diretor técnico do laboratório analítico Atual Labs, reconhecido por sua atuação ágil nos setores de nutrição e saúde animal.
Além de sua atuação técnica, Edwin é consultor de laboratórios e indústrias, contribuindo na resolução de problemas analíticos, otimização de processos, estruturação de equipes técnicas, expansão laboratorial e gestão, implementação de boas práticas que asseguram qualidade, agilidade e robustez nos resultados.





